Zeca Pagodinho, com seu jeito simpático e simples, foi acompanhado pela coluna Ilustrada, da Folha de São Paulo, durante dois dias, segunda-feira (23) e terça-feira (24). A matéria, que saiu no jornal neste domingo (29) mostrou um pouco a rotina do sambista e revelações que poucos conhecem.
Logo na entrada da emissora, o cantor, que havia bebido o fim de semana inteiro, pediu uma Coca-Cola Light e fumou um cigarrinho, ignorando a lei antifumo.
Depois, ele discutiu com sua equipe que camisa iria usar no programa:
“Não vou botar a vermelha, que não sou Papai Noel. Já usei essa em show, em TV. Vão pensar que eu só tenho ela. O povo vai falar: “Coitado do Zeca”., disse o cantor, que optou pela cor branca.
Ao encontrar Hebe Camargo, Zeca ‘suplicou’ por água e negou o convite, feito por duas vezes, de tomar um drink. Segundo ele, segunda-feira não é dia de beber, por causa da ressaca do fim de semana e também porque é “dia de ficar em casa, acender minhas velas, fazer minhas preces”.
Depois do programa, Zeca voltou para o hotel em que está hospedado em Alphaville, e contou que gosta de São Paulo e dos paulistanos. Ele disse que não guarda mágoa do episódio em que, há um ano, sócios do clube Paulistano, reduto de endinheirados dos Jardins, quiseram impedir um show seu.
No almoço, o cantor optou por ir a um restaurante. Seu prato: um medalhão com presunto parma e espaguete de beterraba com Catupiry e um vinho para beber. Ele explicou a repórter porque não pediu sua tão querida cerveja:
“Se eu beber cerveja, não como. Enche muito. E eu pedi almoço, amor. Boca que não leva beijo, cachaça nela”,
Quando o vinho chegou, Zeca, sem papas na língua, disse ao garçom, que serviu uma pequena dose para degustação:
“Pode botá. Comigo não tem essas porras.”
Durante conversa com a repórter da Ilustrada, Zeca, com 50 anos, revelou que acredita que precisa se divertir mais.
“Trabalhei pra “carilha”. Criei meus filhos, filho dos outros, meus parentes, vizinhos, agora vou me criar”, diz e deita a cabeça na mesa. “Queria me preocupar menos, voltar pra minha rua, perder um bocado de responsabilidade.”
O sambista também falou sobre sua escola de música para crianças, que interrompeu seus trabalhos neste ano depois de uma parceria com a prefeitura local.
“Já teve verba que foi parar na prefeitura e desapareceu. Quando eu cuidava com o meu dinheiro, quando me custava de 15 a 20 (mil reais) por mês, ia tudo muito bem. Quando começaram a ajudar, virou essa zona.”
Sobre o presidente Lula, o cantor contou que não tem falado com ele. A última vez que o viu foi em Xerém, ainda em época de eleição.
“Mas eu também não tenho nada o que falar com ele, ué. Tenho que falar com a minha mulher, com meu pai, minha mãe”, desconversou.
Zeca ainda confessou que não tem vontade de ver o longa Lula, o Filho do Brasil, por não gostar de assistir filme, só desenho animado. A respeito da polêmica em que Caetano Veloso chamou o presidente de “analfabeto”, o músico preferiu passar pela tangente.
“Eu não tenho tanta intimidade com o Lula pra saber do grau de inteligência dele. Eu tenho medo de gente muito inteligente, de ele usar a inteligência só pra ele. Mas Caetano gosta de fazer isso [polêmica], né?”, disparou.
Já na entrevista de terça-feira (24), Zeca, de volta ao SBT para gravar um programa da Eliana, fez uma paradinha na entrada da emissora para catar coquinho. Ele ainda ligou para esposa, Mônica e contou a novidade:
“Mônica, tô levando um saco de coquinho pra você.”
Preparado para a gravação, o cantor assumiu a repórter da Folha que não controla muito sua dieta, mesmo sofrendo de gastrite e ter sido internado nos últimos anos com pneumonia e hérnia de disco.
“Como macarrão uma vez por semana, mas tomo o que me der vontade. Não controlo nada, que não posso ficar sem a minha Brahma, não. Eu passo mal.”
Ao final do longo dia, cansado, Zeca confessou:
“Tô com saudade da minha filha, da minha mulher”.
É, vida de sambista não é fácil…
Fonte:Ofuxico